sexta-feira, 11 de março de 2011

Desenvolvimento Tecnológico para Inclusão de Pessoas com Deficiência



Na contramão de muitas idéias e propostas contidas em cartas princípio e outros documentos oficiais, as Pessoas com Necessidades Especiais (PNE), também chamadas deficientes, não têm ou não agregam valor à cadeia produtiva, pois não são vistas em suas necessidades, diferenças ou aspirações como potencialidades, mas sim vistas em suas limitações. Presenciamos, portanto, a fragilidade da inserção de alguns grupos sociais que compõem a diversidade humana e que permanecem à margem das oportunidades.
As novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), em especial a Internet, convertem-se em ferramentas que podem favorecer a inclusão ou a exclusão dessas pessoas. Atualmente, e com o avanço das conquistas, os movimentos pró-acessibilidade caminham para que também ocorram avanços neste outro espaço, o Digital. Uma das possibilidades de criar o novo é o desenvolvimento da acessibilidade à informação. O maior obstáculo ao acesso à informação é fazer com que os princípios de acessibilidade sejam observados nos espaços digitais, o espaço da informática e das comunicações. Não se trata apenas de alcançar um sentido formal de tais princípios, mas sim de incorporar saberes, práticas e inovações, que permitam que as pessoas portadoras de limitações físicas, sensoriais e psíquicas sejam integradas ao círculo virtuoso das atividades, ocupações, direitos e obrigações que fazem parte do universo de qualquer membro de uma sociedade.

Acessibilidade na Inclusão na Área de TICs

Apesar dos resultados alcançados a deficiência não tem recebido atenção suficiente em muitos aspectos da vida social, inclusive na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que incluem telefone, computadores, aplicações de softwares, tecnologias relacionadas à Internet e numerosos dispositivos tecnológicos que se relacionam às telecomunicações. Nessa área o acesso social para as pessoas portadoras de deficiência continua necessitando de consideração, em especial devido ao fato das TICs exercerem impactos sobre partes centrais importantes da vida, como emprego, serviços de saúde, e educação. Na sociedade contemporânea a inclusão social pelas TICs é necessária para a maior parte das atividades diárias, são acessíveis para portadores de deficiência se elas podem ser usadas de forma semelhante por todos os usuários sem privilégio de uma determinada habilidade ou sentido específico. Muitas TICs, se desde sua concepção, desenvolvimento e implementação, tiverem como característica inerente a inserção das preocupações relativas à acessibilidade poderão ser usadas pelas pessoas portadoras de deficiência, as que não têm essa característica inerente ao uso devem ser flexíveis o bastante para funcionarem com vários dispositivos de tecnologias assistivas (sintetizadores de voz, amplificadores de potência, teclados alternativos, software ativados por voz, etc), podendo ajudar pessoas com vários tipos de deficiência. Entretanto, a acessibilidade para pessoas com deficiência tem sido negligenciada no desenvolvimento das TICs, trazendo como resultado a exclusão no uso dessas tecnologias, até que se desenvolvam tecnologias assistivas apropriadas, seja em parte devido à falta de conhecimento das necessidades de pessoas com deficiência quando se leva em consideração o processo de concepção (design process) da tecnologia, as políticas governamentais muitas vezes são formuladas de modo que ocasionem a exclusão de pessoas com deficiência. A universalização é compreendida muitas vezes como enfatizando questões da disponibilidade e da eficácia e utilidade dos serviços associados a uma TIC, mas quase nunca questões associadas à acessibilidade da tecnologia para todos. Uma razão é que a sociedade ainda considera a deficiência como um problema de ordem pessoal, de ordem interna, fato que leva à ignorância dos impactos das estruturas sociais e políticas sobre as pessoas com deficiência. Custos adicionais são também citados como razão para não se produzirem tecnologias adequadas para as pessoas com deficiência. Entretanto, a acessibilidade, a capacidade de transmitir, acessar e receber informações, é componente chave da cidadania. As TICs que são acessíveis muitas vezes representam a primeira oportunidade que pessoas com deficiência têm para se incluir no mundo do trabalho, ao passo que a limitação de acesso aumenta o esforço necessário para se ter um bom desempenho em um ambiente profissional. Por outro lado, a falta de acesso a TICs socialmente importantes tais como Internet e telefonia podem levar à alienação social e, portanto, uma TIC inacessível transforma uma deficiência física em uma deficiência social.

Acessibilidades + Desenvolvimento de TICs

Apesar do progresso de leis e de arranjos relacionados à acessibilidade das TICs, ainda há muito a caminhar no sentido de mudança de valores na sociedade para se propiciar a inclusão social e a acessibilidade de pessoas com deficiência. Alguns dessas mudanças devem ocorrer na esfera política, pois as leis devem refletir a diversidade da sociedade.
O baixo nível de utilização das TICs por pessoas portadoras de deficiência parece estar relacionado a certos tipos de barreiras, especialmente as que são criadas na concepção e no desenvolvimento de projeto, no desenvolvimento das novas gerações, na valoração da acessibilidade pelas indústrias e pelo Governo e no monitoramento da implementação de leis relacionadas à acessibilidade. Embora existam muitas tecnologias assistivas usadas por pessoas com deficiência, muitas TICs não são compatíveis com as tecnologias assistivas, tornando impossível a sua utilização. Além disso, poucas são inerentemente acessíveis, pois o processo de concepção de muitas TICs não inclui considerações de acessibilidade como parte inerente do processo. Como resultado, padrões inadequados (mais universalidade que a acessibilidade) são usados para testar as funções de um dispositivo ou então nenhuma consideração de acessibilidade ocorre até o desenvolvimento estar completo. Dessa forma, ocorre o desenvolvimento de novos produtos inacessíveis, impedindo o seu uso por pessoas com deficiência até que surjam produtos equivalentes acessíveis ou então até que se redesenhem tecnologias assistivas para funcionarem com esses produtos.

Implicações sobre TICs e pessoas com necessidades especiais

Em um mundo cada vez mais dependente das TICs a acessibilidade é de vital importância para a inclusão social de pessoas com deficiência. Contudo, a acessibilidade não tem sido levada em consideração na concepção, no desenvolvimento e na implementação das TICs. A inacessibilidade resulta freqüentemente de uma falta de compreensão da importância da acessibilidade e de uma falta de percepção de como ela pode ser obtida.
A compreensão da deficiência não é ainda considerada como algo que deve ser considerado desde o princípio dos projetos e influenciar de forma integral a modelagem e desenho de novas tecnologias e das tecnologias já existentes. Essas ferramentas e instrumentos devem passar por uma análise significativa quanto ao seu potencial para inclusão social de pessoas com deficiência e devem ser feitos estudos e considerações quanto à concepção, desenvolvimento e implementação de TICs acessíveis, pois para essas pessoas, um acesso igualitário às TICs e serviços que nelas se baseiam é tão essencial em uma sociedade informacional quanto o acesso às estruturas físicas. Uma melhor compreensão da acessibilidade é necessária para aumentar a acessibilidade nas TICs, pois muitos projetistas e desenvolvedores de produtos não têm compreensão da acessibilidade e das necessidades de pessoas com deficiência. Para lidar com essa questão devem-se adotar ferramentas e políticas que promovam mais participação de pessoas com deficiência na concepção (design), desenvolvimento e implementação de TICs. Essa questão é importante, pois é muito difícil definir ou atribuir uma escala de acessibilidade para uma TIC até que usuários efetivos trabalhem com a mesma. A participação de pessoas com deficiência na concepção, desenvolvimento e implementação de novas tecnologias tornará mais fácil perceber a importância da acessibilidade e como ela pode ser incorporada na criação de novas e posteriores gerações de TICs. A acessibilidade deve ser considerada em termos de diferentes deficiências. Os projetos de novos produtos devem enfatizar a acessibilidade em relação com a necessidade das pessoas com específicas deficiências. O aumento da compreensão quanto às vantagens de se inserir a acessibilidade na concepção de produtos e tecnologias traz benefícios para muitos membros da sociedade. A consideração da acessibilidade já no processo de concepção e desenvolvimento de produtos faz que poucos recursos sejam gastos em tornar as TICs acessíveis após a implementação, redução da dificuldade para os produtores, donos e usuários dessas tecnologias. A inclusão das questões de acessibilidade desde o início do projeto das novas TICs fará com que mais usuários possam ter acesso, aumentando o potencial econômico da TIC.

Pessoas com Deficiência


Quantas empresas consideram a deficiência como importante no processo de concepção e de desenvolvimento de TICs? Como a deficiência é levada em consideração e em que ponto do processo de desenvolvimento ela é considerada? As pessoas com deficiência são consultadas ou envolvidas em testes de produtos para acessibilidade? Que mudanças na política encorajariam as empresas a aumentar as considerações de acessibilidade no processo de desenvolvimento de novos produtos? Que tipos de incentivos (créditos, reconhecimento de méritos, selo de reconhecimento público de aprovação, leis) levariam as empresas a aumentar as considerações de acessibilidade na concepção e no desenvolvimento das TICs? As novas tecnologias são desenvolvidas de modo que aspectos de acessibilidade têm possibilidade de serem transferidos para tecnologias futuras?

A participação de pessoas com necessidades especiais no desenvolvimento de TICs é fator primordial, pois determina níveis de acessibilidade com relação aos diferentes tipos de deficiência. Auxilia a construção de um painel mais claro sobre questões que não estão sendo consideradas nos processos de concepção, desenvolvimento e implementação de produtos. O número de pessoas que apresenta algum tipo de deficiência tende a crescer como resultado de aumento na violência, influências ambientais e aumento da expectativa de vida em muitas nações. Embora atitudes afirmativas de apoio venham sendo feitas com relação a esse contingente da população, as pessoas com deficiência são ainda uma minoria em status e poder de influência social. Após séculos de exclusão, marginalização, assexualização e mesmo extermínio, a luta e o movimento de defesa dos direitos e inclusão social de pessoas com deficiência começa a alcançar sucesso a partir dos anos 1970, com alteração da percepção social e também na promoção da adoção de leis e políticas que reconhecem o direito das pessoas com deficiência e sua necessidade para a inclusão social.

3 comentários:

  1. Parabéns ao grupo.
    O blog e o post ficaram bacana!
    Continuem assim... Fico no aguardo da próxima postagem.

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  2. Obrigada! Prof. Mônica,
    Iremos permanecer sempre assim...

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  3. hummm...o "textinho"..rsrs.. é caracteristico das mulheres q sempre tem muito a falar, e Charles como é menoria tem que entrar no ritmo..rsrsrsrs...nesse caso foi bastante interessante as colocações, Parabéns!!!qd "eu crescer" quero ser assim..rsrsrs..

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